sábado, 2 de outubro de 2010

Homem de Plástico

Sou liso e transparente. Não gosto de pontas afiadas, aprecio água e quero ser eternamente leve. Quero brilhar ao pôr-do-sol e descansar bem embrulhado. No fundo busco a serenidade, densidade e maleabilidade ideal para conseguir resistir às mudanças bruscas do estado físico. Não deixo ninguém respirar. Sou dependente de terceiros e gosto! Dói, mas só assim consigo atingir a plenitude das minhas capacidades interiores. É complicado viver desta maneira, mas é apaixonante sobrevirer assim.
Repudio o quente... destrói-me. Deixa-me marcas visíveis dolorosas, que nada são comparativamente às invisíveis. Prefiro aquecer-me num olhar, para poder também aquecer e imortalizar algo que nenhuma distância conseguirá destruir.
Gosto agora, aqui e seja onde for. Gosto perto, longe ou mesmo no impossível de alcançar. Consciente, inconscientemente, racional ou loucamente... isso são pormenores. Gosto! Ao som de uma qualquer balada, que deixará de se ouvir assim que tudo passar... o nosso bater de coração irá calar tudo e todos. Basta que chegue o dia de te voltar a ouvir respirar ao meu ouvido.
Sou elemento inanimado que ganha vida com a vontade de viver. Sou plástico, não me orgulho disso, mas ninguém sente mais do que eu. Vou-me enroscar e proteger alguém, quem não sei, quando muito menos, mas vai ser para sempre. Não sei porque sou assim... é biological...

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